Matt Spetalnick, da Reuters
Em uma escalada retórica que intensifica a já tensa relação bilateral, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou veementemente o regime de Nicolás Maduro neste sábado (20), exigindo que a Venezuela aceite o retorno de todos os prisioneiros que, segundo sua alegação, foram forçados a entrar ilegalmente em território americano. A ameaça foi feita através de uma publicação em sua plataforma social, Truth Social, onde o mandatário advertiu que as consequências para Caracas seriam severas caso a ordem não fosse cumprida. A mensagem, carregada de linguagem forte, mas carente de detalhes específicos, surge em um contexto de operações militares recentes realizadas pelos EUA contra supostos narcotraficantes venezuelanos.
A publicação de Trump foi direta e ameaçadora: “Tire eles do nosso país agora mesmo ou o preço a pagar será incalculável”. No entanto, a natureza exata desses “prisioneiros” permanece envolta em ambiguidade. O presidente não identificou quem seriam esses indivíduos, nem apresentou evidências para sustentar a acusação de que o governo venezuelano os “forçou” a migrar para os EUA. Ele apenas fez uma menção vaga a que alguns deles seriam “pessoas de instituições mentais”, uma afirmação que, sem provas ou contextos, adiciona um elemento controverso à sua retórica. Da mesma forma, Trump não especificou quais medidas concretas seriam tomadas contra a Venezuela se suas demandas não fossem atendidas, deixando a ameaça de “preço incalculável” no campo da intimidação estratégica.
Este ultimato não é um evento isolado, mas sim o capítulo mais recente de uma série de ações e declarações hostis. A publicação acompanhava um vídeo que mostrava a explosão de uma embarcação, ilustrando operações militares que Trump já havia anunciado. Ele afirmou que a inteligência americana confirmou que o barco “traficava entorpecentes ilícitos” por uma rota conhecida de narcotráfico e que o ataque resultou na morte de “3 narcoterroristas do sexo masculino”. Na mesma semana, Trump já havia alertado a Venezuela para “parar de enviar gangues para os Estados Unidos”, referindo-se explicitamente à gangue Tren de Aragua, e revelou que o Exército americano havia, na verdade, destruído três barcos suspeitos, e não dois como anunciado anteriormente. Sua mensagem final, em letras maiúsculas, foi um apelo direto: “PAREM DE VENDER FENTANIL, NARCÓTICOS E DROGAS ILEGAIS NA AMÉRICA E DE COMETER VIOLÊNCIA E TERRORISMO CONTRA OS AMERICANOS”. Esta retórica robusta posiciona o combate ao narcotráfico e a imigração ilegal como justificativas centrais para sua postura agressiva, embora especialistas questionem a eficácia e as consequências geopolíticas de tal abordagem.