A aprovação, nesta sexta-feira (19), pelo Conselho de Administração dos Correios, consolida Emmanoel Schmidt Rondon como o novo presidente da empresa estatal, que ele deverá assumir oficialmente na próxima segunda-feira (22). Sua nomeação ocorre em um momento de extrema complexidade para a companhia, marcado por desafios financeiros monumentais, o que coloca sobre seus ombros a pesada responsabilidade de conduzir uma das instituições mais emblemáticas do país em um processo urgente de reestruturação.
Schmidt Rondon chega ao comando dos Correios trazendo consigo a pecha de “técnico”, um perfil que foi decisivo para sua indicação, articulada pela Casa Civil do governo federal, comandada pelo ministro Rui Costa. Esta escolha sinaliza uma tentativa do Planalto de priorizar a expertise gerencial e financeira em detrimento de uma nomeação essencialmente política, buscando uma liderança capaz de diagnosticar e sanar as graves enfermidades que assolam a saúde econômica da estatal.
A trajetória profissional do novo presidente é profundamente enraizada no setor financeiro e no serviço público bancário. Economista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e com formação em Administração de Empresas pelo renomado Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), Schmidt Rondon acumula um quarto de século de experiência no mercado financeiro. Sua carreira foi majoritariamente construída no Banco do Brasil (BB), onde é funcionário de carreira e ocupava, até então, o estratégico cargo de gerente-executivo na Diretoria de Infraestrutura, Suprimento e Patrimônio. Essa passagem pelo BB não apenas lhe conferiu um amplo conhecimento operacional de uma grande estatal, mas também uma vivência prática em gestão de recursos de grande escala e em processos complexos de infraestrutura e logística. Adicionalmente, sua experiência como conselheiro da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do BB, agrega um entendimento sofisticado sobre governança corporativa e gestão de ativos, atributos valiosos para o cargo que assume.
O desafio que o espera é hercúleo. Os Correios atravessam uma das piores crises de sua história recente, tendo registrado o pior déficit entre todas as estatais em 2024 e amargado um prejuízo bilionário apenas no primeiro semestre deste ano. Schmidt Rondon herda uma empresa que sofre com a crescente desidratação de sua receita principal (o serviço postal tradicional), a feroz concorrência no segmento de encomendas (e-commerce) e custos operacionais historicamente elevados. Sua missão será, portanto, dual: de um lado, implementar um rigoroso ajuste fiscal, otimizando operações e cortando gastos superfluos; de outro, e talvez mais importante, elaborar e executar uma estratégia moderna e viável de negócios que reposicione os Correios como uma empresa logística competitiva e sustentável no século XXI. O sucesso ou fracasso de sua gestão será medido pela capacidade de equilibrar essa equação, transformando o “técnico” em um líder transformador.