Por pouco o “Massacre de Ipatinga” não caía sob os escombros do esquecimento, como qurem a direção da USIMINAS e os políticos conservadores e reacionários da região e do estado, que arirma ser incoveniente “levantar defunto”.
Não imaginava ser eu a levantar e reunir em um volume de várias páginas a história desse sangrento massacre que resultou em dezenas de mortos e centenas de feridos, pois quando aqui cheguei, em fins de 1979, acompanhando minha família (procedente de Vitória) à procura de condições melhores de vida (que até hoje não encontrou), nem sequer sabia desses acontecimentos.
No início de 1980, depois que eu me entrosei com os companheiros do Partido dos Trabalhadores aqui em Ipatinga, é que encontrei um trabalho mimeografado, de 10 laudas, intitulado “O Massacre de Ipatinga”, assinado por Daniel M. S. (publicado parcialmente nos cadernos do Ceas nº 64). Li e me interessei pelo assunto. Na introdução de seu trabalho, Daniel, que teria trabalhado na região pelos idos de 77/78 – a quem devo esta obra, o que só conheci, atá a publicação deste livro, pelo nome, através de sua valiosa pesquisa – escreveu o seguinte: “Este trabalho pretende fornercer elementos relevantes para a explicação dos acontecimentos que clminaram com o grande massacre de trabalhadores ocorrido no dia 7 de outrubro de 1963, em Ipatinga. Nossa preocupação é reconstruir o mundo de conflitos que originou essa chacina e recuperá-la com evento histórico do qual se pode tirar lições”. Achei o trabalho preciosíssimo, mas entendi que ainda não estava totalmente completo e detalhado. Por isso, procurei outras publicações sobre o assunto e a maioria dos operários mais recentes da USIMINAS desconhecia por completo essa história.
Foi aí que passei a pesquisar mais a fundo a história do “Massacre de Ipatinga” pois,além de tudo, queria conhecê-la. Nesta época eu trabalhava no “Diário da Manhã”, um jornal conservador (que tinha poucas páginas cheas de publicidades) que circulou na região até meados de 1983, indo à falência por debilidade econômica e o péssimo teor jornalístico (lá não fiquei por muito tempo).
Por muito tempo andei atrás da hitória. Recorri a vários arquivos de jornais e revistas da época, o Arquivo Mineiro, em Belo Hrozonte; o “Estado de Minas”, em seus arquivos próprios e outros. Entrevistei vários operários que participaram da greve que originou o massacre e consegui localizar algumas viúvas de operários que morreram no dia 7. Foi possível ter acesso a algumas publicações da revião (da época), como “A Verdade Impress”, por exemplo (poucas edições, devido à inexistência de arquivos deste jornal) e outros documentários. Mas a mairo parte das matérias aqui inseridas são subsídios de depoimentos de operários mais antigos e pioneiros da região, que pediram (a maioria) omissão de seus nomes.
Nestas andanças, encontrei também uma região bastante isoladas do contexto político e informativo. Aqui lê-se muito pouco, embora dois diários e vários femanários e outras publicações circulem na região. Estes periódicos – ressalvando algumas exceções -, extremamente comprometidos com os poderes públicos municipais, estadual, federal e com a burguesia local, deixam ao relenteo as questões caóticas, de nossa população, promovendo informações extremante deturpadas, com o intuito de desnivelar negativamente a consciência política do povo.
Pelo menos mais de uma dezena de livros já foram publicados na região do aço,mas nenhum dos “escritores” dedicou uma só linha ao “Massacre de Ipatinga”. Alguns “poetas” conservadores chegam até mesmo a vangloriar a poluição da USIMINAS com uma glória ou um fortificante para a saúde da população.
Talvez sejam esses alguns dos motivos que me levaram a rescrever este livro.
Infelizmente não pude oferecer trabalho mais completo, por não ter presenciado de perto os acontecimentos. Mesmo assim, os erros e omissões ficam sob minha responsabilidade.
O “Massacre de Ipatinga”, como vamos conhecer nas páginas que se seguem, não foi um movimento isolado e estritamente lcoal como divulgou o então governador Magalhães Pinto, mas um acontecimento de caráter global, pois naquele instante trabalhadores do país inteiro (e América Latina de uma maneira geral) lutavam pelos mesmos objetivos: condições dignas de vida. Por isso, sera conveniente que todos os trabalhadores tivessem acesso a este trabalho, para dele “tirar lições”, como afirma Daniel M. S.
Carlindo Marques Pereira