Brasil, 26 de julho de 2025 – Com mais de 32 milhões de idosos no país, a convivência com os avós na terceira idade tem se tornado um tema cada vez mais relevante. O que muitos chamam de “teimosia”, no entanto, pode ser, na verdade, uma legítima busca por autonomia e respeito, como explica a médica geriatra Dra. Luciana Lana, da Fundação São Francisco Xavier. Neste Dia dos Avós, especialistas reforçam a necessidade de diálogo, empatia e inclusão para transformar o envelhecimento em uma experiência mais leve e afetuosa.
O mito da “teimosia” e a luta pela autonomia
De acordo com a Dra. Luciana Lana, comportamentos interpretados como teimosos são, em grande parte, uma reação à perda de independência. “O idoso não quer que decidam tudo por ele: o que comer, onde morar, se deve parar de dirigir. Quando essas decisões são impostas, geram frustração e reações duras”, explica. A médica destaca que muitos idosos sempre tiveram personalidade forte, e a velhice não os torna submissos.
Dados do IBGE mostram que, até 2030, o número de idosos no Brasil superará o de crianças e adolescentes. Em 2050, um em cada três brasileiros terá mais de 60 anos. “Precisamos repensar como tratamos nossos avós. Eles não são um peso, mas uma fonte de sabedoria e afeto”, afirma Dra. Luciana.
Os riscos das decisões unilaterais
A geriatra alerta para ações bem-intencionadas, mas prejudiciais, como tirar a chave do carro ou contratar um cuidador sem consultar o idoso. “Se ele é lúcido, deve participar das decisões. Diálogo e escuta são essenciais para preservar sua dignidade”, reforça.
Em casos de mudanças bruscas de comportamento (esquecimentos frequentes, desorientação ou alterações de humor), a avaliação médica é crucial para descartar condições como demência ou depressão.
A força dos laços familiares
A convivência com os netos é um pilar do envelhecimento saudável. “O avô que ensina uma receita, opina na educação ou aprende a usar um app sente que ainda é necessário e valorizado“, diz Dra. Luciana. Atividades simples, como passeios ou conversas, reforçam vínculos e melhoram a autoestima do idoso.
Três pilares para um envelhecimento digno
- Autonomia: Permitir que o idoso tome decisões sobre sua vida.
- Independência: Incentivar atividades que mantenham sua mobilidade e saúde.
- Afeto: Garantir que ele se sinta amado e incluído na família.
“Envelhecer com dignidade não é sobre viver mais, mas sobre viver melhor“, conclui a médica.